“A valsa “Rosa” tem uma história interessante.
Pixinguinha fizera-lhe a melodia havia muito tempo, mas todos achavam que era preciso uma letra.
Nunca, porém, ninguém se interessou.
Havia, em Engenho de Dentro, um mecânico de automóveis chamado Otávio de Souza, um poeta bissexto.
Ele então fez a letra, uma improvável obra-prima para os amigos.
Um dia, nas quebradas, ele encontrou o velho Pixinga, e dele se aproximou, tangido pela inibição própria de um mecânico de subúrbio.
Pixinguinha era a fina flor da educação, sempre pra lá de elegante, e dignou-se a recebê-lo.
Ele então recitou a letra de “Rosa”, o mais belo poema parnasiano da MPB, e Pizindin (era assim que a vovó o chamava) encantou-se com versos tão belos.
Ali estava Otávio de Souza, seu mais novo parceiro e a música, depois de gravada, ganhou as ondas do rádio na interpretação magistral de Orlando Silva, o maior cantor que este país já teve.
Música difícil de interpretar, até por causa do fraseado poético, parnasianismo puro.
Recebeu, contudo, muitas gravações.
De todo modo, os louros e loas que se fazem a “Rosa” vão quase sempre para Pixinguinha, que, é claro, os merece.
Poucos, ou quase ninguém, lembra-se do mecânico de Engenho de Dentro, autor de uma música que, conquanto presa aos limites da sua unidade, equivale a todo um cancioneiro musical.
Uma obra-prima maravilhosa.
Um dia ainda há de se fazer justiça a Otávio de Souza.”
•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*
Tu és divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
O teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito teu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral. Oh, alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas o amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão se ouso confessar que
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus, quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar e esperar
Em conduzir-te um dia
Aos pés do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de te envolver até meu padecer
De todo fenecer
•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*