O Sono das Águas
de
Guimarães Rosa
por
Beth Lilás
por
Beth Lilás
Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme.
Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d’água,
nos grotões fundos
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir…
Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem
e adormece.
Até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes…
Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono…
Boa noite de serenidade, querida amiga Beth!
ResponderExcluirNão só escolhe bem as poesias que declama aqui como é ímpar na arte de declamadora.
A cada postagem um show, amiga!
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
O silêncio ao sono das águas despois de tantas correrias. Lindo numa ótima leitura. Deliciosa leitura do Rosa amiga. Um dia na Serra da Canastra eu tomei o velho Chico nas mãos e o ninei como uma criança. Por momentos eu o senti protegido no seu sono.
ResponderExcluirBela postagem.
Bom fim de semana.
Beijo no coração.
Delícia, Beth! Viva a poesia, a arte que nos alimenta!
ResponderExcluirO sono das águas de fora não garantem a paz das águas de dentro, uma pena!
ResponderExcluirLinda escolha! Bela apresentação!
Bjos,
Carminha