quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Feliz 2021 - Poema e voz de Sidnei Coelho

 


O sol brilhará para um novo dia,

e nesse mágico instante de transformação, um novo tempo se iniciará.


E com esse nascimento tão importante, a paz e esperança se renovarão.


Mas isso não quer dizer que tudo se transformará no amanhecer, 

não quer dizer que a vida será diferente com a nova luz,

Não, definitivamente a luta prosseguirá, mas ainda que eu saiba que a jornada de batalhas ainda será intensa,

tenho fé que é nesse novo tempo que a esperança se fortalecerá.


E com essa força renovada, seguiremos em frente,

em busca da nossa tão sonhada liberdade.


Eu tenho fé que essa mudança acontecerá.

2021 será o ano da paz

O ano em que poderemos novamente respirar o ar da tranquilidade.


Eu acredito...


Feliz vida nova

Feliz 2021



terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Vivinho da Silva - poesia de Manoel Herculano - por Manoel Herculano

 


Viva, viva

estou vivinho da Silva

e sou todo gargalhada

sou o camarada Luiz

aquele menino magro, fraco

da fortaleza de São Luís!

Eu tenho sangue nordestino

tenho esse destino teimoso

que se preza

genioso e forte feito reza

povoado de rebeldia

eita nós, quanta teimosia!

Mas é tudo divino

por causa do cordel, 

da poesia, do menino

que antes de aprender a lição

aprendeu o hino.

E desde então

canta sua pátria mãe gentil

a mãe que chorou quando o filho partiu.

Mãe, tô vivo, Pai, viva

a princesinha do mar é mesmo uma diva.

Ah, esta noite sonhei com Iracema

de mãos dadas em Ipanema.

Rapaz, o mundo é grande demais,

muito maior que o Ceará.

Será, será

maior que o Pará e Minas Gerais.

Maranhão, São Paulo e os Pantanais.

E o Rio,

olha, eu nem imaginava

que existia um rio maior que aquele

onde eu nadava.

É, o mundo dá muitas voltas

e nesse mundão, a gentevive às voltas.

Pois então, volta, Luiz!

Volta pra quem te pede bis.

Tá bom, eu volto, 

mas depois eu volto.

Oh, minha mãe

te agradeço, te rogo

e já sei nadar.

Aprendi a trilha, vivi na Ilha

neste Rio já não me afogo.

Eu volto,

mas a despedida será apenas com um

até logo.


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sábado, 12 de dezembro de 2020

O Campo dos Sonhos - poema de Sidnei Coelho - por Sidnei Coelho e Beth Lilás


Eu estava em meio à tempestade,
Sentindo as fortes gotas chocando-se contra o meu rosto.
Sim, eu olhava para o alto,
Pois embora estivesse em meio a uma chuva torrencial,
O céu estava iluminado.

Que lindo relato, amigo!
Disseste de tal forma, 
que se eu fechasse os olhos, 
Conseguiria visualizar este lugar.

Era um campo de flores brilhantes,
E com o aroma mais do que encantador.
E acredite, que mesmo em meio as fortes águas vindas do céu,
Pássaros voavam tranquilamente por toda a parte.

Pássaros no meio da tempestade?

Sim, e até pareciam dançarinos, apresentando-se na mais perfeita sintonia.

Ah, meu amigo! Esse lugar só pode ser mágico,
Afinal, só mesmo dentro dos sonhos tal cena seria possível.

É, de fato os sonhos são uma forma de vivermos algo assim.
Mas acredite, quando por um segundo fechar os olhos, 
E se assim fizeres, verás aquilo que somente o coração consegue enxergar.


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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Poema Preso - Viviane Mosé - por Beth Lilás

Muitas doenças que as pessoas têm são
poemas presos
abscessos, tumores, nódulos, pedras são
palavras
calcificadas
poemas sem vazão

Mesmo cravos pretos espinhas cabelo
encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido
poema

Pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra
presa
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima

Lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
raiva endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema


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sábado, 14 de novembro de 2020

Santo e Senha - de Miguel Torga - por Calu

 

Deixem passar quem vai na sua estrada.
Deixem passar
Quem vai cheio de noite e de luar.
Deixem passar, não lhe digam nada.

Deixem, que vá apenas
Beber água de Sonho a qualquer fonte;
Ou colher açucenas
A um jardim que ele lá sabe, ali, defronte.

Vem da terra de todos, onde mora
E onde volta depois do amanhecer.
Deixem-no pois passar, agora
Que vai cheio de noite e solidão.
Que vai ser
Uma estrela no chão.



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domingo, 1 de novembro de 2020

O Mar dos meus Olhos - de Sophia de Mello Breyner - por Beth Lilás

 


Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma.

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quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Alma Poeta - de Sidnei Coelho - Dueto com Beth Lilás e Sidnei Coelho

 


Eu não escrevo poemas, 

Mas aprendi que a poesia se vive,

 Se sente, e se vê com o coração. 

Mas ainda que as palavras vivam em mim,

 Não faço a mínima ideia do que sou.


 É simples de entender, fácil compreender...

 Você é palavra, e poeta.

 

Como eu poderia ser algo que não sou? 

Sou apenas uma pessoa que admira as palavras. 

Escrever não sei; não dá forma como fazem os pensadores.


Não é preciso saber escrever para ser um poeta. 

Se o teu coração palpita com tais citações,

 A tua alma pertence às palavras.


Ah se tudo fosse tão simples assim! 

Quem dera a poesia pertencesse de fato a mim. 

Se fosse realmente dessa forma, eu não seria apenas feliz; 

Seria imortal.


 Todos somos poetas, leitores e imortais.

 Dentro de cada um existe tal magia... 

Acredite do fundo do coração; 

Você é poesia.


                                                                    Sidnei Coelho


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terça-feira, 13 de outubro de 2020

Sentimentos - de Norma Emiliano - por Beth Lilás

 


Há sentimentos inexplicáveis
que geram longos silêncios.
No silêncio
o toque de alma acontece
Tudo vem à tona
Por vezes,
transbordam nos olhos
escorrem pelo rosto
Em outras,
transbordam pelos dedos
espalham se em poesia.


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quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Maturidade - de Ana Jácomo - por Beth Lilás

 


Bacana perceber que a gente é capaz de aprender com as próprias falhas. Rir, muito depois, de bobagens que fez. Desdizer as certezas que tinha sem fazer cerimônia. Ter um olhar generoso para as dificuldades que tem com o respeito com que olha para as dificuldades alheias.
Bacana perceber como tudo passa, de fato. Como os cabelos embranquecem, de verdade. Como com o passar do tempo a gente julga menos e abraça mais. Como certos desesperos trocam de lugar com a mansidão. Como a razão faz as pazes com a emoção. Como fica claro o que realmente importa.
Bacana perceber que a gente já não faz questão de muita coisa. Que deixa por menos. Que o valor e prioridade das coisas se alteram. Que não se magoa mais facilmente. Que quer é saúde e coração tranquilo. Que ama ainda com maior beleza. Que depois de tanta andança valoriza ainda mais o começo de tudo.
Bacana perceber que a gente agora agradece mais do que pede. Que saiu (quase) ileso às armadilhas do caminho. Que superou tristezas que nunca nem conseguiu expressar. Que floriu de novo depois de tanto inverno. Que acha os pais ainda mais legais depois de tanto chão percorrido.
Bacana amadurecer.


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domingo, 27 de setembro de 2020

Primaverar-se - de Toninho Bira - por Lu Hadad


Despertou-se vestida de ser feliz.

Fez-se o broto dentro do coração.

Primaverar-se é tudo que se quis,

para reflorescer na nova estação.






quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Motivo - Cecília Meireles por Sylvia Regina Marin






Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
> ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.




*/*








quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Gota D'água na Rosa - de Luciano Spagnol - por Beth Lilás


 Chuva rara, clara
na rosa pingo d'Água
lava a mágoa...
- É só uma bágua
ou frágua do cerrado?

É delírio na sequidão
que pingam
nas pétalas soam
nos ouvidos cantam...
E o chão molhado

Chove no cerrado ressecado
céu carregado... Chove!
No sertão em prosa
gota d'Água na rosa.


*/*






sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Duas dúzias de coisinhas à toa que deixam a gente feliz de Otávio Roth - por Leila Faour

 


Passarinho na janela,

pijama de flanela,

brigadeiro na panela. 

Gato andando no telhado,

cheirinho de mato molhado,

disco antigo sem chiado.

Pão quentinho de manhã,

drops de hortelã,

grito do Tarzan.

Tirar a sorte no osso,

jogar pedrinha no poço,

um cachecol no pescoço. 

Papagaio que conversa,

pisar em tapete persa,

eu te amo e vice-versa. 

Vaga-lume aceso na mão,

dias quentes de verão,

descer pelo corrimão. 

Almoço de domingo,

revoada de flamingo,

herói que fuma cachimbo. 

Anãozinho de jardim,

lacinho de cetim,

terminar o livro assim.

-Otávio Roth-


quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Enquanto dói de Ana Jácomo por Beth Lilás

 


Enquanto dói, parece que não passa, toda dor é comprida pra quem sente. 

Parece que o deserto não termina. Que o dia não dorme. Que o tempo não escoa. Que o inverno não vira flor.

Enquanto dói, parece que a tristeza não seca. 

Que a borboleta não vem. Que o mal não desmancha. Que a onda não amansa. Que a alegria não amanhece.

Enquanto dói, parece que o sinal do recreio não toca mais. 

Que a fé é pequena. Que o susto não dissolve. Que o medo é pra sempre.

Enquanto dói, parece que a frequência não muda. 

Que o ponteiro não move. Que o vento não para. 

Que a angústia não cala. Que é eternidade.

Parece, mas passa.

Passa.


✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶




 


sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O que alguém disse - Florbela Espanca por Sidnei Coelho

 

O QUE ALGUÉM DISSE 

"Refugia-te na Arte" diz-me Alguém
"Eleva-te num voo espiritual,
Esquece o teu amor, ri do teu mal,
Olhando-te a ti própria com desdém.
Só é grande e perfeito o que nos vem
Do que em nós é Divino e imortal!
Cega de luz e tonta de ideal
Busca em ti a Verdade e em mais ninguém!"
No poente doirado como a chama
Estas palavras morrem... E n'Aquele
Que é triste, como eu, fico a pensar...
O poente tem alma: sente e ama!
E, porque o sol é cor dos olhos d'Ele,
Eu fico olhando o sol, a soluçar...


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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Canção da Primavera - Mário Quintana - por Ivani Ramos

 


Primavera cruza o rio

Cruza o sonho que tu sonhas.

Na cidade adormecida

Primavera vem chegando.

 

Catavento enlouqueceu,

Ficou girando, girando.

Em torno do catavento

Dancemos todos em bando.

 

Dancemos todos, dancemos,

Amadas, Amados, Mortos, Amigos,

Dancemos todos até

 

Não mais saber-se o motivo…

Até que as paineiras tenham

Por sobre os muros - florido!



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domingo, 16 de agosto de 2020

No mistério do sem fim - Cecília Meireles por Calu



 

No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.


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terça-feira, 11 de agosto de 2020

O tempo das coisas - Renato Schultz - voz Lúcia Hadad


No tempo das coisas no passo das horas.  Sentimentos vêm e vão. 
Quando não vão embora, o violão chora. Lágrimas escorrem no colchão
O peso dos dias. No passo das horas. 
Versos derramados, ludibriava a solidão. O tempo do silêncio.  
Reflito, calado procurando os acordes certos. 
A poesia me toma de assalto. 
Mas pode deixar, o intenso inverno vai passar.
E tudo vai voltar como sempre foi. 
O sol nascendo , a claridade invadindo. Ah... versos felizes. 
Brincando no quintal no agradável dos dias... que certamente vão voltar. 
Pro tempo das coisas, pro passo assertivo das horas. 
Ah... os bons sentimentos prevalecerão.




 

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Mar Português por Beth Lilás



Fernando Pessoa - MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.



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quinta-feira, 23 de julho de 2020

Esquadros - Adriana Calcanhoto | Sylvia Regina Marin


Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Com muita atenção no que minha irmã ouve
E como uma segunda pele um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
A-ai, eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome
Pela janela do quarto pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
E exponho o meu modo, Me mostro
Eu canto para quem?




quinta-feira, 16 de julho de 2020

O Sono das Águas



O Sono das Águas
de
Guimarães Rosa
por
Beth Lilás



Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme.

Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d’água,
nos grotões fundos
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir…

Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha
nas placas da folhagem
e adormece.
Até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes…

Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono…